domingo, 20 de maio de 2007

O uso das imagens mentais - Maureen Murdock

Maureen Murdock
Giro Interior
S.Paulo, Cultrix, 1987


Excertos adaptados



As imagens mentais dirigidas são uma ferramenta para abrir a porta da criatividade. Os exercícios do Giro Interior não devem ser usados como recurso terapêutico para lidar com comportamentos neuróticos ou com fenómenos psíquicos. É verdade que as imagens mentais dirigidas são utilizadas na terapia por médicos competentes, mas não é esse o meu propósito neste livro. Mas espero que estas reflexões ofereçam a crianças e adultos uma oportunidade de experimentarem juntos uma vida mais plena e mais criativa.

É possível que queiram usar os exercícios na ordem em que se apresentam, ou talvez prefiram folhear o livro, descobrindo os mais adequados às vossas necessidades pessoais. Estas propostas não são sequenciais; no entanto, sugiro que comecem pelo exercício de relaxamento.

A busca da tranquilidade

Ao iniciar o trabalho com as imagens mentais, levei vários meses a fazer exercícios de respiração e relaxamento antes de os ensinar aos meus filhos. Utilizei o relaxamento para me concentrar e acalmar durante um período emocional particularmente difícil da nossa vida familiar.

Quando apresentei a ideia aos meus filhos pequenos, que tinham então quatro e seis anos, disse-lhes que estava a fazer um exercício divertido que me ajudava a ficar mais calma e a prestar atenção a mim mesma. Disse-lhes que era muitíssimo parecido com “sonhar acordado” e que acreditava que tais exercícios nos ajudariam a aprender mais, a ficar mais tranquilos e a divertirmo-nos mais.

Convidei-os a fazermos uma tentativa juntos e tratámos de encontrar uma hora que fosse adequada às necessidades de cada um. Escolhemos o fim da tarde para “brincar” com as nossas imagens, e demos a esse momento em que ficávamos juntos o nome de “hora da tranquilidade”.

A escolha da hora

Em casa

O horário de cada família ditará o melhor momento para o uso das imagens mentais. Muitas famílias preferem o início da manhã, antes da ida para a escola e para o trabalho. Alguns pais disseram-me que estes exercícios de imagens mentais substituíram a televisão à noite, e eram seguidos pelo relato de histórias originadas pelas imagens.

Algumas pessoas fazem um breve exercício de relaxamento antes do jantar, para que cada membro da família possa comer sem tensão e sem a confusão que muitas vezes caracteriza as refeições em família. Os pais que estão em casa quando os filhos voltam da escola servem-se com frequência dos exercícios de imagens mentais para ajudar os filhos a aquietarem-se depois de um dia agitado.

Na sala de aula

Os professores utilizam um breve exercício de relaxamento no início do dia, depois da merenda, antes de certas aulas ou antes dos testes. A constância é o segredo. Realizar o exercício à mesma hora, todos os dias ou uma vez por semana, cria continuidade para nós e para as crianças. Essa hora torna-se para as crianças o momento que aguardam ansiosamente. E nós não precisamos de muito tempo: cinco minutos bastam para começar, mas podemos aumentar a duração à medida que exploramos o processo.

Na minha turma de terceira classe, a cena desenrolava-se mais ou menos assim. São 8:55 da manhã e eu apago as luzes da sala de aula. As crianças, na sua maioria, detêm-se no meio dos movimentos ou das frases. Um grupo de espertos, que joga War no canto almofadado dos livros, prossegue num tom abafado de voz. As pombas arrulham na gaiola. Ouvimos o barulho dos dominós desabando um a um no complicado arranjo criado por Tim. Torno a acender as luzes e as crianças completam as palavras ou frases que estavam na ponta da língua. Põem de lado os jogos ou canetas, penduram os agasalhos e reúnem-se lentamente sobre o tapete.

Sentados no tapete, nós, que somos ao todo vinte e oito, formamos dois círculos concêntricos. Espero até que todos estejam acomodados. “Por que não penduras o teu blusão, John? Creio que ficarias mais à vontade... Alan, achas que te podes sentar perto do Joe sem sentires vontade de conversar com ele?... Oh! Marissa, estás de volta! Como foi a viagem?” Depois de alguns minutos de contorções e bocejos, as crianças e eu conseguimos ficar quietos e tem início a nossa “hora diária de tranquilidade”.

E eu começo: “Procurem uma posição que possam manter durante vários minutos e fechem os olhos. Concentrem a atenção na respiração. Muito bem, relaxem apenas e sintam que a tensão nos músculos do corpo desaparece a cada respiração que fazem. Inspirem... e expirem... inspirem... e expirem.”

Qual o melhor ambiente?

Em casa

Procure um lugar dentro ou fora de casa, livre de distracções. Desligue o telefone e faça saber aos amigos da vizinhança que está ocupado. Um cartaz criativo que diga GÉNIO A TRABALHAR – NÃO PERTURBE poderia dar o resultado desejado.

É possível que se queira preparar um ambiente que seja reservado para essa hora, com almofadas ou esteiras e plantas. Façamo-lo bonito. Algumas pessoas disseram-me que cada membro da família traz a sua própria almofada de relaxamento para a sala de estar quando chega a hora de começar. Isto indica, com um mínimo de conversas e recomendações, que o processo está prestes a começar.

Uma das minhas alunas organizou uma “sala de meditação” no seu guarda-roupa. Tirou os sapatos do chão do armário e encheu-o de almofadas azuis macias. Então convidava a mãe todas as noites para refazer com ela o exercício de imagens mentais que tínhamos realizado naquele dia, na turma. E esses exercícios ajudaram a mãe a passar por um divórcio muito penoso.

Na sala de aula

Se tiver na sala uma área atapetada, os seus alunos podem sentar-se num ou em dois círculos concêntricos. Os alunos mais velhos sentam-se nas suas carteiras, com a cabeça baixa, ou simplesmente fecham os olhos ou olham para o chão. É bom que haja um sinal combinado previamente para dar início ao exercício de imagens mentais. Eu apago as luzes. Outros professores têm utilizado com sucesso música suave, o som de um gongo ou de um sino ou o acender de uma vela.

A estrutura da mente

É melhor trabalhar com as imagens mentais quando se está bem relaxado. Tentar começar um tal exercício quando se está irritado ou perturbado interferirá provavelmente no processo. Algumas famílias e turmas escolares chegam a servir-se dos exercícios de relaxamento antes de tentar resolver uma discussão, pois acham que as soluções se tornam então mais flexíveis e criativas.

Estes exercícios são agradáveis. Partilhamos com os nossos filhos aspectos de nós mesmos que habitualmente não revelamos aos outros, e por isso podemos descobrir que nos tornamos mais próximos. Podemos descobrir que a “hora tranquila” se torna uma oportunidade para partilharmos os nossos desejos, sonhos e temores uns com os outros.

Resistência ao uso das imagens mentais

Em casa

É possível que se encontre resistência por parte de alguns membros da família, mas não nos deixemos intimidar. Expliquemos, aos nossos relutantes filho ou esposa ou marido, que gostaríamos de tentar fazer estes exercícios para ajudar todos a relaxar, a aprender mais facilmente a melhorar as aptidões da memória, a viver em harmonia e a ser mais criativos e fecundos. É difícil questionar tais objectivos!

Trabalhe com os membros da família que desejem associar-se. Os outros virão juntar-se quando estiverem dispostos. Deixe bastante claro, no entanto, que não podem interferir ou fazer barulho (sobretudo a ver televisão) quando o resto da família estiver reunido na sua “hora de tranquilidade”. Talvez possam ler um livro, ouvir música suave ou desenhar enquanto o resto da família estiver ocupado com as imagens mentais.

Podemos pensar que a idade tem influência no quanto uma criança deseja participar. Quando os meus filhos eram mais novos, ficavam ávidos por juntar-se a mim. Ao chegarem à adolescência, outros interesses passaram a ser prioritários. Na altura do ensino secundário, o meu filho pedia muitas vezes um exercício mental antes de uma prova importante, para o ajudar a relaxar e a melhorar a memória. Aos dezassete anos, a minha filha preferia relaxar e usar a criatividade a ouvir música e a pintar. Qualquer necessidade individual e modalidade de expressão devem ser acatadas e respeitadas.

Na sala de aula

Embora as técnicas de visualização e de imagens mentais tenham obtido ampla aceitação e uso no desporto, nos cuidados com a saúde e nos negócios, muitos estudantes não tiveram contacto com esses recursos de ensino na sala de aula.

Explique aos seus alunos e aos pais deles que o objectivo desses exercícios é diminuir a tensão, aumentar a aprendizagem e melhorar as aptidões da memória. Saliente que a atenção é o requisito preliminar para ouvir e aprender, e que as imagens mentais auxiliam o aluno a concentrar-se e a prestar atenção. Digo sempre aos meus alunos que elas constituem um instrumento que valorizo na minha vida pessoal, de modo a permanecer calma e centrada.

Sugiro-lhes que fechem ou baixem os olhos com um olhar “suave” ou com as pálpebras semicerradas. Fixo duas regras antes de começar: não falar ou cochichar durante o exercício nem estorvar o outro. Compreendo que, devido à estranheza da técnica, nem todos os alunos participem inicialmente, mas todos devem aprender a respeitar a escolha dos outros.

É possível que se passem algumas semanas até que professor e alunos se sintam à vontade com o processo. Recomendo aos professores que dêem um prazo de seis semanas antes de esperar resultados positivos. No início, esperem risos abafados. Os alunos podem sentir-se embaraçados, preocupados pelo facto de outros estarem a olhar para eles, ou considerar tola a ideia de ter, na escola, uma hora para exercitar o cérebro. Notei que as risadas desaparecem se os alunos não forem alvo de atenção por isso.

O mais surpreendente para mim é que os próprios alunos pedem aos que os interrompem que parem. Não querem que a sua hora de imagens mentais seja interrompida. Quando ensinava a terceira classe, os meus alunos pediam aos retardatários que esperassem fora da sala até que a nossa “hora de tranquilidade” terminasse. Em breve deixou de haver retardatários!

Às vezes há resistência dos pais dos alunos. Na minha turma, alguns pais eram inicialmente cépticos; por isso convidei-os a participar na nossa hora matinal de tranquilidade. Sem excepção, todos gostaram dela. E vários pais passaram a unir-se a nós para a “hora de tranquilidade” no momento em que trazem os filhos à escola. Queriam começar o trabalho ou outras actividades quotidianas relaxados e concentrados.

Uma mãe disse-me que a filha se queixava de ter de fechar os olhos. Isso assustava-a. Sugeri que mantivesse os olhos abertos, e isso aliviou-lhe o medo. Um menino do terceiro ano e a sua mãe pediram que ele não fosse incluído nos exercícios. Ele achava-os ridículos, mas gostava de ouvir o que os colegas tinham a dizer. Permiti que escolhesse entre juntar-se a nós no tapete e ouvir ou sentar-se e ler no canto destinado à leitura. A maior parte do tempo sentava-se do lado de fora do círculo, ouvindo as outras crianças descreverem as suas imagens.

Continuação

Depois de um exercício de imagens mentais dirigidas, algumas crianças gostam de comentar como o seu corpo se sentiu ou que imagens lhes ocorreram. Outras preferem desenhar ou pintar as imagens que surgiram, escrever sobre elas, ou expressá-las em movimento. Vá devagar no começo e respeite o momento de cada um. As crianças estão muito mais próximas das suas imagens interiores do que os adultos. Dê-lhes o tempo que desejarem para revelar as suas experiências. Não se pode forçar uma orquídea a florir; podemos, no entanto, deleitar-nos com o processo do desabrochar.

Confiança no processo

Uma coisa que aprendi com os anos de uso dos exercícios de imagens mentais com crianças e adultos, é que não se deve ter esperanças definidas de como e de quando as pessoas reagirão. Tenho, porém, de facto, plena confiança em que este processo tem grande valor para aqueles que se servem dele. Descubra os exercícios que são úteis para si e para os seus filhos; improvise; invente novos exercícios. Dê livre curso à sua imaginação.

Talvez julgue que o relaxamento sentado seja ineficaz para si e para uma criança hiperactiva. Talvez queira ficar de pé ou deitar-se. Muitos pais e professores mantêm as crianças pequenas ao colo, esfregando-lhes suavemente as costas, enquanto dirigem um exercício de relaxamento. Isto tem um efeito calmante e tranquilizador. Outra sugestão é dar à criança uma pequena bola de argila para segurar enquanto faz o exercício. Isto é particularmente útil para alunos cinestésicos.

Alunos e adultos de mais idade podem adormecer se ficarem deitados enquanto fazem os exercícios de imagens mentais, e o seu ressonar pode perturbar a turma! Pode sugerir-lhes que se sentem numa posição cómoda, com as costas apoiadas na parede ou numa cadeira. Algumas crianças e adultos preferem movimentar-se enquanto trabalham com as imagens mentais. Um senhor movimenta constantemente as mãos durante o processo, desenhando no ar as imagens que vê na mente. É engenheiro e inventor e utiliza as imagens mentais para activar a sua imaginação fértil.

Alguns exercícios físicos de alongamento antes das imagens mentais dirigidas podem preparar o corpo e a mente para imagens mais vívidas.

Como facilitar a expressão de si mesmo

Não há limites para a criatividade com que as crianças escrevem quando inspiradas pela sua própria imaginação. Elas podem deslocar-se para o futuro, rever o passado e criar invenções para fazer os deveres. Se sugerimos um exercício de imagens mentais no qual elas tenham que resolver problemas ambientais ou negociar um acordo pacífico para uma guerra, não há limites para as soluções criativas que ouviremos. Nunca mais nos depararemos com um “Não tenho nada sobre que escrever”.

As crianças sabem naturalmente contar histórias, e um exercício de imagens mentais possibilita a expressão de sonhos e de visões coloridas. É um modo de pôr a trabalhar as fantasias: dá-se efectivamente à criança permissão para devanear, durante um período de tempo definido, e depois para expressar essas imagens em palavras, desenhos ou movimentos. As imagens mentais dirigidas são muito eficazes no ensino da redacção porque permitem que as crianças exprimam em palavras as suas experiências imediatas.

As imagens mentais também estimulam a criança com menor capacidade verbal a expressar as suas ideias. Às vezes, as crianças sentem que não têm nada que valha a pena dizer, ou que outros o dizem melhor. Janine era uma aluna assim. Com oito anos, canhota, era relutante em expressar as suas ideias na sala de aula. Quando falava, a voz era tão discreta que era difícil ouvi-la. Tinha grande dificuldade em ler em voz alta num grupo. Trocava muitas letras, tanto no trabalho escrito como na leitura.

Depois de um exercício de imagens mentais, no qual fizemos um passeio a um planeta imaginário, ela tornou-se verbalmente mais expressiva. Enquanto estivessem nesse planeta, as crianças deveriam agir como exploradores, observando como era a vida ali, como comunicavam entre si as diferentes formas de vida, como viviam, em que consistiam as suas estruturas familiares ou sociais. As crianças tinham dois minutos para, de olhos fechados, soltar a imaginação e fazer a sua inspecção.

Quando terminamos a nossa viagem, Janine fez o seguinte relato:

O meu barco à vela levou-me até perto dessa terra distante e, depois, tive de fazer o resto do percurso montada num golfinho. Lá, as pessoas eram muito pequenas, mas tinham mães e pais grandes. As pessoas pequenas viram-me chegar e prepararam uma grande refeição. As comidas eram todas geleias de sabores diferentes. Eles também tinham salões cor de laranja. Dos salões cor de laranja podia ver-se tudo lá para fora, mas ninguém conseguia ver o lado de dentro. Então, fui conhecer a mãe e o pai das pessoas pequenas. Acharam-me esquisita porque eu não era nem grande como a mãe e o pai delas, nem pequena como elas. Vestiram-me com uma roupa especial, igual às que usavam.


Um mês depois, repetimos o mesmo exercício. Janine voltou a visitar a terra das pessoas pequeninas e continuou as suas aventuras:

Hoje voltei à terra das pessoas pequeninas. Resolvi perguntar qual o nome do planeta delas para não ter de dizer “terra dos pequeninos”. Disseram-me que não tinha um nome e que eu podia inventar um. Levei algumas horas para me decidir. Durante esse tempo, disseram-me que me mostrariam o jardim da Primavera. Havia lá uma porção de coisinhas redondas, esverdeadas e acastanhadas, que brotavam da terra. Próximo delas, mantinham pequenos copos d’água. Eu disse: “Estas não são flores, são apenas bolinhas.” Então eles mergulharam uma das bolas na água e todos gritaram “rosa”. Tiraram-na da água e secaram-na e tinham nas mãos uma bela rosa. E podiam fazer isso com qualquer espécie de flor ou de arbusto. Sentei-me então para imaginar um nome para o planeta. Pensei que seria bom se fosse um nome que tivesse uma relação com eles. Bem, havia muitas flores e árvores e todos eram felizes. Então eu podia misturar as palavras “flor” (flower) e “árvore” (tree) e isso daria “Livre” (free). Assim faria sentido porque eles são felizes e livres. Decidi-me por ela e, quando lhes disse, todos gostaram do nome. Depois tive que ir embora. Foi uma aventura maravilhosa.


Passados dois meses Janine tinha melhorado tanto a sua capacidade de falar quanto a de escrever. Tendo adquirido confiança na manifestação das suas próprias imagens, entrava mais livremente nas discussões da aula. O volume e o tom da sua voz mudaram e a leitura oral tornou‑se nítida e confiante. Deixou de trocar a posição das letras na leitura e na escrita.

Não estou a atribuir esses progressos exclusivamente ao uso das imagens mentais dirigidas, mas ficou claro que a expressão verbal de Janine melhorou muito devido ao uso dos exercícios.

As artes da linguagem e da leitura

As crianças gostam de ler as suas próprias histórias e as dos seus companheiros de turma. Aprendem a ler melhor quando lêem algo com implicações pessoais. Depois de um exercício de imagens mentais, podemos sugerir aos nossos filhos mais novos ou à turma que desenhem as figuras que viram na sua imaginação. Podem ditar-lhe as histórias a si ou a uma pessoa mais velha que possa escrever as palavras.

Em seguida, as crianças lêem as histórias em voz alta. Que orgulho sentem ao escrever e ler em voz alta as suas próprias histórias! Pode-se, além disso, aumentar o seu conhecimento do vocabulário, usando as palavras que aparecem na história para ilustrar regras fonéticas e ortográficas.

Depois de um exercício de imagens mentais, a história seguinte foi desenhada e ditada a mim por Taro, um menino de sete anos classificado pelo professor como “incapaz de ler”. Em seguida, ele leu a sua história em voz alta para o grupo, surpreendido pela recém-adquirida capacidade de ler e orgulhoso dela:

Quando olhei para os espelhos, vi um arco-íris a formar-se e no próprio círculo interior do arco-íris havia uma lista preta que estava a ser puxada para baixo. Quando chegou ao centro, transformou-se num pequeno ponto e lentamente desapareceu. Compreendi então que aquele era o ponto dentro de mim onde me faltava a confiança. E quando soube disso, senti-me a sair do chão e pus-me a voar como Jonathan Livingstone Seagull. Comecei então a aprender a controlar o meu corpo, e podia voar rápido ou devagar e de cabeça para baixo. Depois, comecei a sentir como se estivesse a transformar-me numa outra pessoa.

A redacção criativa

Depois de experimentar uma rica imagem visual, uma criança, Jessica, pôde descrevê-la com as seguintes palavras:

A Folha do Ácer

A cor da folha
é como um pôr-do-sol laranja
A textura da folha
é como as pedras redondas da estrada
O aroma da folha
é ainda o mais doce
Mas o gosto da folha
é celestial.


Este poema foi precedido por um exercício de imagens mentais que realizei com a minha turma da terceira classe, levando os alunos a conhecer os prazeres que as folhas de Outono provocam nos sentidos. Numa viagem à Costa Leste, reuni folhas de muitas variedades, cores, formas e tamanhos. Os alunos da minha turma tinham crescido no Sul da Califórnia e nunca tinham visto o magnífico espectáculo das cores outonais. Sem lhes mostrar as folhas, pedi às crianças que fechassem os olhos e usassem todos os sentidos quando examinassem o que estava prestes a oferecer-lhes.

Senta-te numa posição confortável e fecha os olhos. Põe as mãos nas coxas, com as palmas para cima. Concentra a atenção na respiração e quando respirares, o corpo e a mente ficarão cada vez mais relaxados. (Pausa) Imagina que estás sentado debaixo da tua árvore predilecta e que começa a soprar uma brisa suave. (Pausa) Sentes as folhas que caem da árvore. (Deixe cair as folhas lentamente sobre as crianças.) Ainda com os olhos fechados, pega numa folha e segura-a nas mãos. Sente as nervuras da folha e percebe a sua forma e tamanho. Imagina de que cor pode ser. Esfrega-a no rosto e repara na sua textura. Cheira-a... O que é que ela te faz lembrar? Imagina qual é o seu gosto. Podes-te levantar, se quiseres, e move-te imitando a queda suave das folhas no Outono. (Pausa) Quando estiveres pronto, abre os olhos devagar.

A reacção a este exercício serviu-me para saber como é importante o uso dos sentidos na aprendizagem. E um aluno disse:


Vejo folhas a dançar na brisa
Algumas são amarelas, verdes e vermelhas,
Outras parecem-se com coisas que jamais vimos antes.
A minha tem cheiro de carvalho e, com certeza, é a melhor.
A textura da folha cheira a vermelho
A forma da folha lembra-me uma mão,
Quando a levanto, posso ver a sombra das nervuras.

Neste poema, a textura cheira a vermelho. Este menino cruzou o sentido táctil com o olfacto e a visão. Este dom, chamado sinestesia, é um instrumento eficaz na ampliação da memória. Este aluno, em particular, apresentava a melhor memória da turma e estava adiantado um ano em matemática.

As imagens mentais dirigidas são um meio excelente para criar, de acordo com um ponto de vista diferente, as personagens de uma narrativa. As crianças relacionam-se de modo muito intenso com os animais e criam empatia com os seus sentimentos. Elas revelam muito do que têm dentro de si mesmas quando assumem o papel de um animal favorito.

Histórias extraordinárias surgem quando a criança adquire as características e atitudes físicas de uma personagem que encontrou no exercício de imagens mentais. Estas personagens tornam-se multidimensionais, e não meras caricaturas monótonas e estereotipadas. Num exercício de imagens mentais em que os alunos foram instruídos para se transformarem nos seus animais favoritos, uma criança (Jenny, de 10 anos) escreveu a seguinte história:

Eu estava a descer um caminho pedregoso. Tinha calor e sede. A minha boca estava cheia de água. De repente, vi surgir um tanque e corri rapidamente na sua direcção. Fui tão depressa que nem reparei que andava sobre quatro pés. E os meus bigodes estavam a fazer cócegas nas minhas bochechas. Ao chegar ao tanque, imediatamente vi que me tinha transformado num dos meus animais favoritos. Um gato! Um gato com longos pêlos castanhos.

Molhei a pata no tanque e lambi-a com a ponta da minha áspera língua cor-de-‑rosa. Depois de um certo tempo, imaginei que o gato em que me tinha transformado era exactamente como eu. Com a unha, desenhei um gato. Até como gato eu podia desenhar gatos melhor do que ninguém.

Justamente nesse instante senti alguém tocar de leve na minha pata. “Olá”, disse uma vozinha. Olhei em volta e não vi nada nem ninguém. “Olha para baixo”, disse novamente a voz. Olhei para baixo e vi uma joaninha. “Fico contente por alguém me encontrar”, disse a joaninha. “Estou perdida no nevoeiro e preciso de um lar. Quero ser tua amiga”, disse a joaninha. Pensei: gosto de fazer amigos. Sempre gostei. O facto de ser um gato não deve mudar nada. “Se eu for teu amigo, tu serás minha amiga?”

“Naturalmente”, disse a joaninha. “Teremos um longo dia amanhã, Jenny”, disse a joaninha. “Como sou uma joaninha pequena, vais-me contar uma história para dormir.” Eu contei-a porque gosto de inventar histórias. Quando acordei de manhã, já não tinha bigodes. Não tinha longos pêlos castanhos. Era a menina comum de cabelos vermelhos e sardas. Sabia que estava na hora de ir embora. E assim peguei na joaninha e voltei para a sala de aula.

Aventura com a fada das flores

IDADE: de 3 a 12 anos
EXERCÍCIO: 5 minutos
CONTINUAÇÃO: 5-15 minutos

Às vezes pode criar-se um exercício de imagens mentais dirigidas com base numa história escrita pelas crianças. Depois de ler a história da minha filha Heather, de 9 anos, que acompanha este exercício, usei o tema dela para criar este exercício sobre as fadas das flores. Estas imagens mentais permitem que as crianças satisfaçam plenamente o seu sentido de magia e de aventura.

Fecha os olhos e concentra a atenção na respiração. Suavemente, inspira... e expira. Enquanto respiras calmamente, o teu corpo torna-se cada vez mais relaxado. Imagina agora que estás sentado ao ar livre na relva, num belo dia de sol quente. Estás a deleitar-te ao contemplar o desabrochar de novas flores. Sentes prazer nas suas cores e aromas. De repente, vês um ser diminuto à tua frente, subindo pela haste de uma linda margarida. Esse ser não é maior do que o teu dedo médio; ao voltar-se para ti, faz um sinal de que deves segui-lo. Percebes que também te tornaste pequeno e apressas-te a acompanhar a tua nova amiga. Tens agora três minutos contados no relógio, que é todo o tempo de que necessitas para realizar uma aventura com esta fada das flores.

(Passados três minutos) Agora é hora de te despedires da tua amiga e de voltares para cá, repleto de lembranças da tua aventura. Contarei até dez. Junta-te a mim quando eu contar seis, e abre os olhos, sentindo-te alerta e revigorado, quando eu chegar ao dez. Um... dois... três... quatro... cinco... seis... sete... oito... nove... dez.


As fadas das flores

Numa pequena aldeia da Irlanda, vivia uma menina chamada Mindy. Ela morava num lindo chalezinho. Do lado de fora do chalé havia todo o tipo de flores que se possa imaginar, e a margear as flores havia caminhos de tijolos. As flores cresciam a toda a volta do chalé num carreiro de quase dois metros de largura. Para lá dos caminhos e das flores, havia um relvado onde Mindy gostava de brincar. Mindy tinha dez anos e cabelos louros compridos. Morava com a mãe, o pai e a sua irmãzinha, Holly.

Um dia Mindy estava sentada no relvado, a olhar para todas as flores, quando percebeu um diminuto ser alado de quase dois centímetros e meio de altura, sentado numa graciosa flor branca, a conversar com uma joaninha. Dizia: “Ninguém quer brincar comigo, joaninha. Estão todos muito ocupados.” Mindy assustou a joaninha e a menina quando disse: “Eu brinco contigo; afinal de contas, quem és tu?” A menina disse: “O meu nome é Emília. Sou uma fada das flores.” Mindy brincou com Emília o resto do dia até que a chamaram para jantar. Depois do jantar, leu para Holly e, em seguida, foi dormir.

A meio da noite uma torrente de luz brilhou nos seus olhos. Quando acordou, viu-‑se num pequeno leito de pétalas de rosa em lugar do cobertor. Mindy olhou para si e viu que tinha asas. Levantou-se e olhou em redor. Estava num lugarzinho onde havia uma escada que subia até a uma porta. Galgou-a e bateu na porta. Emília abriu. “Bom dia”, disse. Mindy perguntou: “Por que estou tão pequena quanto tu?” Emília replicou: “Não há tempo para explicar. Quero que conheças o rei e a rainha das fadas das flores.” Saíram e estavam numa aldeia onde todas as casas e lojas eram feitas de cogumelos. Foi numa casa de cogumelo que Mindy acordou. Nunca as tinha visto quando estava a brincar, porque elas ficam muito bem escondidas debaixo das flores.
Foram para o palácio de cogumelo. De início, andavam, mas depois Mindy aprendeu a voar, de modo que fizeram um voo até chegar ao grande e imponente cogumelo. Ao ver como Emília era pequena comparada com o rei e a rainha, Mindy espantou-se; eles tinham quase dez centímetros e Emília apenas uns dois e meio. Mas, por outro lado, Emília não tinha a idade do rei e da rainha. Estes ficaram muito contentes em ter Mindy como uma fada das flores. Elas não se demoraram muito porque Emília estava ansiosa por mostrar tudo à sua nova amiga. Ao voltarem à aldeia, ela apresentou Mindy ao pai, cujo nome era Tom, à irmã, Elizabete, e à mãe, Maureen. Moravam todos com Emília, mas não estavam em casa de manhã.

Emília e Mindy brincaram uma com a outra todos os dias e divertiram-se imenso até que, um dia, Mindy ouviu a sua mãe a chorar porque pensava que ela tinha ido embora. Dali a alguns dias, Mindy sentiu saudades e quis voltar para casa, mas nenhuma das fadas sabia como fazê-la voltar ao tamanho normal. Um dia, Emília saiu de manhã bem cedo para descobrir como fazer Mindy voltar ao tamanho normal. No caminho encontrou o seu amigo gafanhoto, “Gafanhoto, como posso fazer a minha amiga voltar ao tamanho normal?” “Emília, deves saber que podes ter tudo o que quiseres, se disseres o que queres à flor branca silvestre.” “Muito obrigada, gafanhoto, adeus”, disse Emília. E foi a correr para casa contar tudo a Mindy.

Quando Mindy ouviu isto, disse adeus a todos e foi falar com a flor branca silvestre. Murmurava: “Eu gostaria de voltar ao meu tamanho normal, se tu deixasses, minha linda flor.” Imediatamente se viu de volta à sua confortável cama. Somente ela e as fadas das flores se lembrarão do maravilhoso passeio de Mindy ao país das fadas.

Uma imagem positiva de si mesmo

Um dos mais importantes efeitos secundários do uso de imagens mentais dirigidas é o desenvolvimento de uma imagem positiva de si mesmo. As crianças aprendem melhor quando crêem que podem fazê-lo. Essa atitude positiva comunica-se a tudo o que fazem. A maioria das crianças vale-se das outras para se tranquilizar quanto às próprias capacidades. As crianças que desenvolveram uma imagem de si mesmas como pessoas criativas e capazes não têm constante necessidade de reconhecimento dos outros. Elas sabem que são capazes!

A criança que se imagina a melhorar determinada habilidade, a realizar bem uma prova ou a aprender com facilidade algo de novo, começa a acreditar que isso é, de facto, possível. À medida que a habilidade desejada se aprimora ou a nota desejada num exame é alcançada, a confiança da criança em si mesma fortalece-se. Ela aprende a ter confiança em si, na sua capacidade de aprender e de ser bem-sucedida.

Um facto importante a lembrar é que, quando estamos felizes, tornamos óptima a nossa capacidade de aprender. Devido à maneira como é estruturado o cérebro, é impossível separar as emoções da aprendizagem. Os caminhos neurais entre o neocórtex (o cérebro cognitivo) e o sistema límbico (o cérebro emocional) estão sempre abertos, mesmo nas pessoas que crêem que as suas acções são dirigidas exclusivamente pelo intelecto. Por conseguinte, a primeira coisa que temos a fazer para preparar uma criança a fim de que aprenda é criar uma adequada estrutura mental.

Percebi isto quando coordenei um exercício de imagens mentais dirigidas sobre a ideia de si mesmo com um grupo de índios norte-americanos, do sétimo ano, em British Columbia. No final do exercício, perguntei ao grupo em que habilidades imaginavam que estavam a melhorar. Um dos jovens alunos viu-se a apanhar mais peixe; outra viu-se a pintar com mais destreza; outro viu-se a melhorar em matemática. Uma menina veio no final da aula e, com uma voz quase sussurrada, disse: “Eu não me vi a melhorar na escola ou no desporto. Apenas me vi como alguém feliz.”

O avô dela, de setenta e oito anos, um ancião da tribo e professor da escola, estava presente durante o exercício e ouviu a resposta da neta. Numa reunião de professores, naquela tarde, discutimos os efeitos das imagens mentais sobre a aprendizagem. Ele disse ao grupo que esta era a coisa mais importante que a neta tinha a aprender na vida: ser feliz. Às vezes estamos tão preocupados em encher os nossos filhos de conhecimentos que esquecemos as coisas mais importantes.

Enfrentando a tensão

A crença de que aprendemos melhor sob tensão não é verdadeira. Quem quer que tenha experimentado a “ansiedade de um exame” sabe como a tensão e o esforço interferem na aprendizagem, assim como na memória. Um simples exercício de relaxamento pode aliviar a angústia que muitas vezes acompanha uma tarefa difícil, seja a representar, a falar em público ou a realizar um exame. A criança pode adquirir controle sobre as desagradáveis emoções de ansiedade através da respiração e do relaxamento muscular.

Num projecto financiado pelo governo federal e realizado na Bell High School, em Los Angeles, alunos do nono ano que estudavam Inglês como segunda língua alcançaram notas significativamente mais altas em testes de competência linguística do que aqueles que tinham o inglês como primeira língua. Isto ocorreu como resultado dos exercícios de relaxamento e do uso de imagens mentais. Visto que se imaginavam como alunos calmos e bem-sucedidos, aprendiam mais depressa e retinham na memória mais informações.

Na sala de aula ou em casa, o uso de um breve exercício de relaxamento pode ser particularmente eficaz antes de uma reunião para resolver problemas de relações interpessoais. As crianças, assim como os adultos, ficam suficientemente relaxadas para falar dos sentimentos de mágoa com bons resultados. Elas aprendem a identificar os seus próprios sentimentos negativos e a dizer como a atitude negativa dos outros as afecta. E as soluções tornam-se mais criativas.

O diálogo que vamos transcrever ocorreu entre duas alunas do jardim de infância. Essas meninas faziam parte de um triângulo cujos membros estavam constantemente a manipular-se uns aos outros. Fizemos um breve exercício de relaxamento antes de discutir o problema em questão. Talvez concordem comigo: este nível de conversa é extraordinariamente maduro para quem tem cinco anos.
Juliana: Ania, feriste de facto os meus sentimentos quando não me deixaste brincar contigo, com a Jennifer e a Michelle.

Ania: Não queria ferir os teus sentimentos; apenas não estava com vontade de brincar contigo.

Juliana: Mas tu disseste que eu podia brincar contigo quando saíssemos e isso fez-me realmente sentir excluída.

Ania: Esqueci-me. Podes brincar connosco na hora do lanche.

O aliado interior

IDADE: de 5 anos à idade adulta
EXERCÍCIO: 5-10 minutos
CONTINUAÇÃO: 15 minutos

Fecha os olhos e concentra a atenção na inspiração e na expiração das tuas narinas. Continuando a respirar no teu ritmo, imagina que estás a passar por um caminho numa floresta muito densa. À tua volta há belas árvores verdes, e esse caminho desce em direcção a um murmúrio de água. Chegas a um pequeno curso e aproximas-te dele, até ver o teu reflexo na água. (Pausa)

Logo percebes outra presença próxima de ti mas sentes-te inteiramente seguro. Vês outro reflexo junto do teu na água. Essa outra presença pode ser a de um velho sábio, a de um animal ou a de um ser imaginário que sentes como teu aliado, alguém que já conheces há muito tempo, alguém em quem podes confiar. O teu aliado faz um sinal para que o sigas através de uma pequena ponte que cruza o rio. Vais e vês-te a subir um morro que leva a uma gruta. O aliado entra na gruta, senta-se e faz um gesto para que o sigas. (Pausa de um minuto)

É possível que tenhas uma pergunta especial para fazer ao teu aliado e fá-la neste momento. Ouve atentamente a resposta. (Pausa de um minuto)

O teu aliado diz-te que podes voltar à hora que quiseres. Ele estará sempre à tua espera para o ajudares em tudo o que precisar. Agradeces-lhe e fazes o caminho de volta pela ponte, tornando a olhar o teu reflexo na água. Vais percebendo como te sentes enquanto sobes o caminho. Sais da floresta e tornas-te consciente de estar sentado aqui, plenamente presente. Conta para ti mesmo até três e, lentamente, abre os olhos.



Reacções ao exercício “o aliado interior”

Eis o que disse Bekki, de 16 anos:

O meu índio voltou para mim, em intervalos, durante anos. Ele tem estado sobretudo aqui e ali desde que me mudei para Los Angeles. Nunca me fala verbalmente, mas posso ouvir os seus pensamentos. Sugere coisas e diz-me o que pensa que eu devo fazer quando estou perdido ou confuso. Foi a minha mãe que me deu a ideia do índio. Às vezes, não posso interagir fisicamente com ele na minha mente. Às vezes, limitamo-nos a sentar-nos juntos e a fumar um cachimbo. Geralmente vejo-o a fazer várias coisas e a pensar por mim. Por vezes nem sequer o vislumbro ou penso nele, mas ele ajuda-me a racionalizar e a interpretar os meus sentimentos e as minhas acções. Ele é muito simples e está sempre perto de uma tenda. Calça mocassins e veste calças de camurça e uma camisa. Tem longas tranças negras, e em volta da cabeça uma tira feita com penas e contas. Usa em redor do pescoço uma fieira de contas castanhas, brancas, azuis e pretas. Os mocassins são ornados de contas. Parece sempre tranquilo.


A busca da identidade

Nesta sociedade, temos poucos rituais para assinalar o fim da infância e o início da idade adulta. Queremos que os nossos adolescentes assumam cada vez mais a responsabilidade pelas suas vidas, na escolha de empregos, de namorados e de colégios, mas não deixamos de os tratar como crianças. Castigamo-los, negando-lhes regalias, quando pensamos que não estão a comportar-se como adultos responsáveis.

Os adolescentes são principiantes. Estão a enfrentar, pela primeira vez, muitas experiências e problemas de adultos. Subitamente, vêem-se diante de problemas tão diferentes como o significado dos papéis masculino e feminino, a identidade e a actividade sexual, preocupações financeiras, seguro de automóvel, candidatar-se a empregos, decisões sobre a escola e sobre sair de casa e tentar entender quem são. Além disso, ainda queremos que vão deitar o lixo fora e que façam todos os deveres sem demora. Eles precisam de toda a nossa compreensão, orientação, paciência e estímulo e, naturalmente, também queremos a sua cooperação e respeito. O que em geral ocorre é uma luta emocional pela supremacia.

Para encontrar a sua própria identidade, os adolescentes repelem frequentemente as figuras dos pais e de outras autoridades e contam com o apoio e conforto dos amigos. Na adolescência, dos 16 aos 19 anos, a busca da própria identidade intensifica-se. É esta mesma busca que atemoriza pais e professores e os torna mais restritivos.

O adolescente defronta-se com a necessidade de afirmar a sua vontade de conhecer a própria identidade, e receia que, se o fizer, possa perder o amor dos pais. A mensagem por detrás disto é: “Posso correr o risco de afirmar quem sou, ou tenho de me conformar em ser amado por vocês?” Como disse Brett, de dezassete anos: “Quero que o meu pai compreenda que sou jovem apenas uma vez e que preciso de experimentar. Não estou a tentar exasperá-lo. Apenas tenho necessidade de procurar.”

Outros adolescentes sentem-se culpados em relação à dicotomia entre o eu que mostram aos pais e professores e o eu que está a estudar diferentes papéis com os amigos. Tim, de dezoito anos, diz: “Quero que os meus pais saibam quem realmente sou. Eles pensam que sou bonzinho.” Os pais não estão menos confusos do que os filhos. Primeiro queremos prendê-los e, momentos depois, não vemos a hora de os soltar.

Eu mesma dei comigo a transformar-me numa mãe cada vez mais exigente quando o meu filho se preparava para ir para a faculdade. Durante o último ano que passou na escola secundária, tentei impor uma lei marcial cada vez mais rigorosa em relação a chegar cedo, até que Brendan me chamou a atenção para o facto de que podia ficar fora até mais tarde quando estava no nono ano! Compreendi, então, que estava apreensiva não apenas em relação ao comportamento que ele e os amigos estavam a adoptar, mas também em relação ao seu crescimento e afastamento da família.

Dizer adeus a uma relação dependente e tentar encontrar uma nova maneira de se relacionar baseada na independência são as tarefas do adolescente mais velho, assim como dos pais ou do professor. E não é fácil. Este é um período de muitas emoções mescladas. Para os filhos, a alegria, as expectativas e a liberdade que associam à passagem para a idade adulta estão misturadas com o medo de se afastar da segurança e da protecção do lar.

Os pais perguntam-se se incutiram todos os valores “certos” e se prepararam o filho ou filha de maneira suficientemente boa para a vida. Os professores preocupam-se em saber se prepararam os alunos de modo adequado para os estudos futuros ou os deveres profissionais. Pais e professores têm também que se haver com sentimentos de perda quando os adolescentes amadurecem e se afastam do seu convívio diário.

Esta é uma fase difícil para o adulto que não tem consciência do necessário distanciamento pelo qual o adolescente deve passar. Os adultos podem, muitas vezes, sentir-se rejeitados, impotentes e não-amados, e perguntam-se o que aconteceu com a relação afectuosa que existia entre a criança e o adulto.

Lembre-se de que esta é uma fase de desenvolvimento e não durará para sempre. Quanto mais espaço der às crianças para encontrarem a sua própria identidade, mais elas quererão compartilhá-la consigo – no momento certo.

Como se afastar da identificação excessiva

Os adolescentes ficam muitas vezes absorvidos por uma coisa ou outra, tornando-se cegos em relação a tudo o que está fora do campo da sua paixão particular. Esta pode ser a música, a moda, o sexo oposto, a imagem do corpo, o atletismo ou uma crença. Não há nada de errado nisto. A coisa em si pode ser, na verdade, inteiramente positiva. Se nos identificamos com a verdade, integramos essa qualidade na nossa vida. No entanto, essa identificação, quando levada ao extremo, pode bloquear a possibilidade e a viabilidade de qualquer outro sentimento, sensação ou pensamento.

Os adolescentes apegam-se tenazmente à própria identidade, ao modo como se vêem a si mesmos e como desejam ser vistos pelos outros. A intensidade dos seus sentimentos e ideias faz com que, por vezes, sejam vistos de uma forma muito limitada, não apenas por si mesmos, mas também pelos outros. Precisamos de os ensinar a dar um passo atrás e chegar a uma visão de perspectiva de si mesmos.

Nesse sentido, um exercício proveitoso é o do “Santuário”, ou seja, levar os nossos jovens a imaginar um espaço edénico, paradisíaco, onde possam estar tranquilos. Proporciona aos adolescentes a oportunidade de alterar o seu ritmo, de ir para um lugar dentro de si mesmo, um lugar seguro e livre da intensidade dos sentimentos juvenis e encontrar um centro tranquilo e uma sensação de paz interior. Alex, de dezassete anos, escreve:

Fui ao labirinto de Ojai e olhei para o vale e o mar, que é sempre uma fonte de calma para mim. Parecia próximo devido à sua imponência e, de longe, a sua imensidão e quietude acalmam-me. Demorei a encontrar este lugar. Inicialmente escolhi o meu quarto mas havia demasiadas distracções. Depois, voltei ao local de um grande sonho que tive na noite anterior, mas não pude ter ali nenhum pensamento original porque a minha mente ficou a vaguear em volta do sonho. Percebi o vento de Outono e senti o perfume das árvores.

Outro exercício que nos ajuda a reconhecer sentimentos e a expressá-los, em vez de ficarmos identificados demais com eles, é o chamado “Boletim Meteorológico”. Faça com que o seu filho ou os seus alunos tracem um grande círculo, dividindo-o em quatro quadrantes. Pergunte-lhes como se estão a sentir no momento – mental, emocional e fisicamente. Em seguida, eles anotam um sentimento em cada um dos quadrantes e escolhem dois ou mais sentimentos para explicar:


Exausto Amistoso




Atrapalhado Fora de sincronia

Na parte de baixo do papel eles escrevem: “Eu sinto-me… porque...”, explicando como se sentem e por que se sentem assim. Eis aqui um exemplo de David, um rapaz de dezasseis anos:

Sinto-me exausto porque se quiser dormir o bastante, não faço todos os deveres escolares. E as minhas relações pessoais sofrem porque não tenho tempo para elas.
Sinto-me atrapalhado porque a minha irmã está a chegar a casa. A última vez que a vi compreendi uma porção de coisas negativas sobre a nossa relação, e não quero cair nisso outra vez.
Sinto-me amistoso porque este ano fiz novos amigos. As pessoas gostam de mim e aceitam‑me mais do que esperava. Estou contente.
Sinto-me fora de sincronia comigo mesmo porque o meu corpo está tão cheio de energia sexual que não sei o que fazer.

A expressão desses sentimentos ajuda o adolescente a aceitá-los, a contê-los e a compreendê-los para que eles não possam manipular a sua vida. Ajuda-o também a ver que pode ter ao mesmo tempo sentimentos conflituosos. David sentia-se amistoso, embora, simultaneamente, se sentisse atrapalhado em relação aos seus sentimentos pela irmã. A identificação dos sentimentos diminui o controle que eles exercem sobre o nosso comportamento.

A busca de sentido

Os adolescentes sentem uma enorme aflição pela situação em que se encontram as coisas no mundo e ficam indignados com as pessoas mais velhas por nos terem metido na confusão em que nos encontramos. Muitas vezes passam por uma crise existencial e expressam-na em desespero. “Para que serve a vida? Qual o seu sentido? Nada do que eu faça tem importância, pois, afinal de contas, estamos a caminho da destruição.”

No período da nossa história em que Robert Kennedy e Martin Luther King Jr. foram assassinados, trabalhei como consultora de adolescentes que usavam drogas. Fiquei profundamente tocada com a reacção dos miúdos a essas mortes e com o seu sentimento de que a vida estava fora de controle e de que eles não podiam fazer nada quanto a isso. “Que diferença faz se eu parar de usar drogas, quando pessoas como Martin Luther King Jr., que estavam a tentar, com tanta dificuldade, tornar as coisas melhores para os homens, são assassinadas? Que hipóteses tenho eu de realmente causar impacto no mundo?”

A nossa tarefa como pais e educadores é proporcionar aos nossos filhos e alunos uma valorização do potencial positivo da vida e dar-lhes a esperança de que podem influir na mudança. Muitos adolescentes mais velhos começam a questionar a sua relação e a sua responsabilidade para com o mundo e a desconfiar dos caprichos das circunstâncias da vida que estão além do seu controle.
Fazem perguntas do tipo: “O nosso destino é controlado por alguma força externa ou temos controle sobre ele?” “É o Universo algo que devemos temer?” “Há um Espírito, uma Divindade ou Fonte exterior? Que influência exerce nas nossas vidas?”

Estas perguntas existenciais da juventude podem ser resolvidas considerando-se o que está além dos nossos “pequenos eus locais”, no domínio transpessoal. Isto acarreta uma busca de sentido, uma busca de valor e uma ligação mais profunda com o eu autêntico.

Esta exploração do eu pode ser experimentada como um sentimento de “unidade” com a natureza ou com outros seres vivos. Ouvi alguns alunos da minha turma do último ano no colégio descrevê-lo assim: “Quando a minha máscara cai, as minhas defesas baixam e compreendo que tu e eu somos um só. Não há separação; tu tens os mesmos medos, os mesmos desejos e as mesmas necessidades que eu.”

Os corredores e os esquiadores atingem uma “experiência culminante” quando se fundem no seu meio ambiente e o movimento se faz sem esforço. Esta compreensão visceral de que o meio ambiente e o eu actuam juntos, em harmonia, é um poderoso freio contra o uso abusivo da natureza e de outros seres vivos, e fomenta o desenvolvimento de uma consciência planetária. Como disse John Muir: “Se arrancamos uma flor, descobrimos que ela está unida a todas as coisas no Universo.”

A busca de uma ligação mais profunda com o eu ajuda os adolescentes mais velhos a compreenderem a sua própria sabedoria íntima e a reconhecer que eles têm dentro de si todas as respostas, se tiverem tempo de se concentrar, aquietar a mente e ouvir. O exercício do “Aliado Interior” estimula o participante a encontrar dentro de si um ser sábio que proporciona orientação e apoio e que pode ter respostas para as perguntas pessoais.

Eis a seguir a reacção de Erinn, uma rapariga de dezassete anos, a este exercício:

O meu espírito era antes um sentimento, uma protecção que me envolvia. Fez-me entrar na caverna de cristais e senti uma emoção muito intensa. As lágrimas corriam pela minha face, como se eu estivesse a libertar-me. Queria pegar no meu espírito, buscando conforto, mas ele não era um objecto, embora eu o pudesse sentir. Como precisava de alguma coisa para agarrar a fim de me proteger, procurei alcançar um cristal e peguei-lhe, sentindo que o meu espírito dera uma parte de si mesmo ao meu cristal. O meu espírito disse-me que me livrasse dos meus medos de incapacidade. Disse-me que eu tinha uma falsa imagem de mim mesma e que era realmente muito mais forte do que pensava. Disse-me também que deveria enfrentar a minha mãe e gritar com ela, porque eu estava sempre a dar em vez de receber. Sou a mãe da minha mãe e do meu irmão, e o meu espírito disse-me que tinha responsabilidades demais. Disse-me que precisava de agir como uma criança para libertar as minhas tensões.

Este tipo de diálogo interior pode ajudar os participantes a libertar as suas tensões, conquistar um sentimento novo de autoconfiança e aceitação de si mesmos e a compreender que não estão sozinhos no mundo. Pode também proporcionar ao adolescente uma experiência concreta da esfera transcendente e um ponto de partida para iniciar explorações mais profundas.

Matt, de dezoito anos, escreveu:

O encontro com o meu aliado influenciou-me intensamente; enquanto antes não chegara a considerar esta possibilidade, estou hoje prestes a acreditar. Posso não acreditar num poder exterior, mas acredito na consciência deste organismo total e belo a que chamamos Mãe-Terra. Ele diz-me respeito e planeio estudá-lo. Deixá-lo agora em suspenso seria cometer uma injustiça face ao meu aliado e a mim.


A criança interior encontra-se com o eu ampliado

Antes de despedir-se da adolescência e saltar, com uma confiança cega, para a idade adulta, é útil estabelecer contacto com a criança interior para compreender a nossa continuidade e responsabilidade para com o futuro. Quando temos a oportunidade de reviver o amor e a aceitação que experimentamos como crianças, ou a falta disso, lembramo-nos de quem somos. Saber de onde viemos ajuda-nos a escolher para onde ir, e através das imagens mentais dirigidas podemos sanar qualquer conduta irregular que tenha raízes na tenra infância.

“A criança interior” pode fazer o adolescente lembrar-se do mistério, da maravilha e da beleza da vida, e da curiosidade, da liberdade e da criatividade da infância. Um sonho do passado pode reacender-se; uma relação pode ser compreendida e restabelecida; um problema de personalidade pode apresentar-se para ser solucionado. Para realizar todo o nosso potencial, cada um de nós deve chegar a um acordo com o passado, aprendendo com ele, e avaliar como cada parte da nossa história pessoal influencia o nosso presente e futuro colectivos.

Somos mais do que os nossos corpos, mentes, emoções, necessidades, desejos e sonhos pessoais. Temos uma natureza superior e transcendente e fazemos parte de uma espécie que está paulatinamente a evoluir no sentido da totalidade. A criança pequena não está separada desse eu transcendente, mas o adolescente, em busca do conhecimento racional e intelectual do mundo, acaba por se distanciar da sua natureza espiritual. As imagens mentais dirigidas dão aos adolescentes uma oportunidade valiosa de sanar esta dicotomia entre mente e coração.

Através do contacto com o eu ampliado, é possível lançar um olhar para o futuro e ter uma ideia geral do nosso lugar no todo. O eu ampliado é a parte do eu que já alcançou o seu potencial pleno, o projecto que se converteu em realidade. Realizar o exercício do “Eu Ampliado” pode dar origem a uma percepção capaz de modificar as atitudes dos adolescentes em relação a si mesmos e ao mundo à sua volta. Depois disso, eles podem ver a realidade de modo diferente, valorizar a vida a partir de uma nova perspectiva e perder o medo do futuro.

A minha conversa com o meu eu ampliado tem sido, para mim, uma fonte de beleza, de inspiração e de energia, especialmente durante os períodos em que duvido de mim mesma:

Uma senhora idosa caminhou na minha direcção a sorrir, com os cabelos brancos presos no alto da cabeça. A minha primeira impressão foi a da sua força. Ela tocou-me no rosto com a mão forte e enrugada e senti, mais do que vi, uma profunda compaixão nos seus olhos. Observei a sala, semelhante a um atelier de tecto alto e paredes de adobe branco. Era tudo muito simples. Da parede pendia uma bonita tapeçaria de tonalidades delicadas que ela tecera no tear. Mostrou-me vasos de cerâmica translúcida, fina como papel, que acabara de cozer. Resplandeciam. Estava a resgatar um antigo processo alquímico. Os vasos eram frágeis como cascas de ovo, delicados embora firmes, à semelhança do equilíbrio que todos devemos ter para caminhar na vida. Ela aproximou-se de mim e disse-‑me que havia ainda muito trabalho para fazer. Mostrou-me muitos grupos de pessoas que esperavam do lado de fora. Formavam ondas iguais aos anéis de água num lago depois de nele ter sido arremessada uma pedra. Quando parti, ela pôs uma pequena pedra branca na minha mão. Enquanto voltava, ainda sentia a sua mão no meu rosto.

Finalmente, se de facto é verdade que ensinamos aquilo que precisamos de aprender, então ainda preciso de me concentrar, relaxar o meu corpo, tranquilizar a minha mente diante das distracções da vida diária, levar-me menos a sério e penetrar mais fundo na esfera de sabedoria e conhecimentos universais onde há esperança, harmonia e unidade cósmica.

Este é apenas o começo. Lembremo-nos de que ensinamos aquilo que somos, e, quando fazemos estes exercícios com os nossos filhos, alunos, família e outros adultos, tornamo-nos todos como crianças, recuperando o milagre, o mistério e a alegria de tudo isso.

Santuário

IDADE: de 15 anos à idade adulta
EXERCÍCIO: 10 minutos
CONTINUAÇÃO: 15 minutos

Fecha os olhos e começa a concentrar a atenção na respiração, observando o ar que entra e sai das tuas narinas. Dá a ti mesmo a sugestão de que, a cada expiração, o teu corpo fica cada vez mais relaxado. (Pausa) Muito bem. Agora imagina que estás a viajar através do tempo e do espaço para um lugar que é, para ti, um santuário. O santuário é seguro, simples e belo. Pode estar localizado na natureza, nas colinas ou perto do mar, pode estar no quarto da tua casa ou em qualquer outro lugar à tua escolha, onde te sintas seguro e protegido. Vai lá agora e sente as cores, as texturas, os cheiros, os sons, os sabores. Como é que o teu corpo fica nesse lugar. Terás alguns minutos contados no relógio, que é todo o tempo de que precisas para relaxar neste santuário. (Pausa de três minutos)

Agora é hora de voltares para cá, trazendo contigo a sensação de segurança e protecção que sentiste no santuário, pronto para o desenhares ou escreveres sobre ele. Contarei até cinco. Abre os olhos quando eu disser cinco, sentindo-te relaxado e alerta. Um... dois... três... quatro... cinco.


Reacções ao exercício do santuário

Eis o que disse Matt, de 18 anos:

O meu santuário é uma clareira fechada, cercada de palmeiras e de outras plantas verdes e cortada por um regato; algumas pedras grandes formam um local de repouso perto do regato. O lugar é silencioso, a não ser pelo rumor dos pássaros e do regato. Um pequeno pagode de pedra está situado do outro lado do regato. O meu aliado, a raposa, está deitado ao meu lado. Circula uma brisa fresca. O céu azul é visível, bem como algumas nuvens brancas, encapeladas e claras acima da abertura no alto das árvores. Parece a fusão perfeita da natureza com um jardim feito pelo homem.


A criança interior

IDADE: de 15 anos à idade adulta
EXERCÍCIO: 10-15 minutos
CONTINUAÇÃO: 15 minutos

Fecha os olhos e começa a acompanhar a tua inspiração e expiração, através das tuas narinas. Enquanto segues o movimento da respiração, deixa o teu corpo relaxar. (Pausa) Agora, prepara-te para acolher a tua criança quando ela surgir. Pode ter cinco, oito ou dez anos, ou qualquer outra idade. Também pode mudar de idade durante a visita. Ei-la que chega. Pousa a tua mão que escreve na mão da criança quando ela chegar. Sente o contacto de ambas as mãos e começa a interagir com ela, deixando-a assumir o comando. Sê o amigo mais velho da tua criança, o amigo que ela sempre quis. Se ela quiser levar-te para o esconderijo secreto, para um jardim ou para o quarto para brincares com ela, acompanha-a. Ela pode querer conversar contigo ou pedir-te que pegues nela ao colo. Sê atencioso com as necessidades e desejos dela e aprende o que ela tem para te ensinar. Terás 5 minutos contados no relógio, que é o tempo de que precisas para ficar com ela. Podes começar. (Pausa de 5 minutos) Agora, é o momento de dizer adeus, por enquanto. Agradece à tua criança o tempo que passaram juntos e diz-lhe que em breve lhe pedirás que volte outra vez. (Pausa)
Contarei até dez. Junta-te a mim quando eu disser seis, sentindo-te bem relaxado e alerta, e pronto para escrever sobre o teu encontro. Um... dois... três... quatro... cinco… seis… sete… oito… nove… dez.